segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O fim dos haustórios

No que tange à atual conjuntura política brasileira, a impunidade impera de maneira assombrosa. Há vários indícios de desvios de verbas públicas no país tupiniquim, sendo alguns já comprovados por investigações. Nesse contexto, as próximas eleições são uma oportunidade preciosa de o eleitorado promover mudanças que impliquem benefícios para o país.
Ao votar, o eleitor seleciona o indivíduo que considera o mais apto a governar. Para isso, não basta se ater ao mundo imaginário minuciosamente planejado pelos publicitários nas campanhas televisivas. É necessário conhecer o histórico do candidato. Ora, se esse não possui valores éticos bem fundamentados, então não há motivos para elegê-lo, pois ele só trará prejuízos.
Esses prejuízos passam, sem dúvida, pelas mentes de muitos jovens que, ao se inteirar do quadro político, acabam por assumirem uma posição cética em relação a mudanças. Tal caso exige a seguinte reflexão: não se pode esperar que mudanças boas aconteçam com a mesma frequência que as águas torrenciais caem nas florestas tropicais. É preciso, pois, agir ativamente para que elas aconteçam e mudem os rumos da história.
É incontestável o poder que reside sobre o voto. Como diria a escritora Lya Luft, "a urna do voto secreto é um minúsculo espaço onde cada um de nós é rei". É através dele que se poderão eliminar das altas esferas do poder as plantas parasitas(os políticos) que, com seus haustórios(raízes parasitas), sugam a seiva elaborada( o dinheiro público) tão necessária para se efetivar as mudanças.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Enfeite constitucional

Polêmica. Essa palavra é bastante visível quando se trata do projeto de lei que proíbe punição física a crianças. Segundo o governo brasileiro, essa ingerência no ambiente familiar é fundamental para diminuir os casos de violência nesse estrato da população. Tal ação, contudo, provavelmente não surtirá efeitos e constitui um completo equívoco.
Ao instituir essa lei, o Estado tenta exercer uma obrigação que é da família. Ou seja, os pais terão a própria autoridade cerceada pelo governo. Ademais, essa lei é redundante, porque já estão previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente ações que punam os maus tratos aos pequeninos, como a perda da guarda.
Outro aspecto sobre esse projeto é a ingenuidade que o alicerça. Não será através de um projeto de lei que o pensamento dos pais acerca do assunto vai mudar. Para que isso aconteça, é necessário uma tomada de consciência. Nos dias de hoje, educar uma criança é, sem dúvida, uma tarefa difícil. Mas é possível ensinar sem recorrer a castigos físicos diários. O que é ridículo é afirmar que o pai que aplica uma leve palmada na mão de uma criança mal educada é um monstro.
Seria bem mais produtivo para a sociedade, ao invés de discutir esse projeto de lei, tratar de assuntos como o assédio e a permissividade dos adultos em relação às crianças. Essa reflexão geraria leis muitos mais substanciais do que a pífia lei dos castigos físicos que será mais um enfeite na constituição.
Diante de tal conjuntura, é equivocado afirmar que um projeto de lei dessa natureza será a panaceia de todos os males. A caixa de Pandora já foi aberta e só restou a esperança de dias melhores. E de leis mais fundamentadas, sem dúvida.

domingo, 1 de agosto de 2010

Copa do mundo de 2014

Muitos brasileiros vibraram quando foi anunciado que o Brasil sediará a Copa do Mundo de 2014. Faz todo sentido que tal padrão de comportamento seja observado no país pentacampeão nessa modalidade esportiva. Nessa região do planeta, respira-se futebol.
O que não foi considerado, todavia, foram as responsabilidades que esse posto exige. Não há dúvidas de que um evento de tal envergadura gera o aquecimento da economia, fato visível na Cidade do Cabo, palco da Copa de 2010. Mas e a infraestrutura? As cidades que foram escaladas não apresentam um número de hotéis suficientes para acomodar os torcedores que virão de todos os cantos do planeta. Realizar tal façanha não será nada barato. Não se resolve nem os problemas das enchentes cujas águas arrastaram os sonhos de muitos indivíduos e já querem arrumar mais um. Como será que os políticos sairão desse atoleiro?
Falando em verbas para esse evento, a construção dos estádios é outro assunto que tem provocado polêmica. Já há fortes indícios de um superfaturamento na construção de um estádio no Ceará. Com a ajuda de políticos influentes na região, uma empresa com pouca experiência no ramo já arregaça as mangas para começar a erguer o próprio império. Afirmar que haverá beneficiados financeiramente soa como um pleonasmo.
Outro fator que aconteceu na África e que também pode ocorrer no Brasil é o deslocamento desumano de contingentes menos abastados da população. São os moradores de rua, que ocupam as calçadas ou vivem em situação irregular em locais abandonados. Na Cidado do Cabo, vários indivíduos nessa condição foram removidos das áreas centrais da cidade e colocados no assentamento improvisado de Blikkiesdorp. Lá eles vivem agora em barracos de zinco com cerca de dezoito metros quadrados. As paredes são tão frágeis que podem ser cortadas com tesouras. E o pior de tudo é que eles estão afastados da cidade. Ou seja, viram as oportunidades de emprego serem ceifadas pela Copa do Mundo, afinal, não é elegante mostrar a realidade aos turistas.

E aqui no Brasil? Transportarão todos para as lotadíssimas favelas ou darão um passaporte para uma região menos povoada? É só o que falta. Em pleno exercício da democracia, observar um atitude ditatorial.Nesse contexto, é fundamental os veículos de comunicação estarem atentos para que tal irregularidade não seja praticada.
Enfim, há tempo de ver os equivocos e os acertos que serão realizados até 2014. Só nos resta esperar e verificar se o Brasil honrará com os compromissos assumidos perante o mundo. Será lamentável constatar que , enquanto políticos nadam em um mar verde, os menos favorecidos presenciarão um maremoto destruírem a esperança que lhes resta de melhorar de vida.