quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Compro, logo existo

Consumo. Essa palavra aparentemente simples é um dos pilares que alicerça o capitalismo. É o consumo que faz com que muitas empresas prosperem enquanto outras decretam falência. Descartes formulou a célebre frase "Penso, logo existo" ao questionar a própria existência. Hoje em dia, com uma frase semelhante, podemos afirmar : "Compro, logo existo".
Para comprovar esse pensamento, pode-se recorrer a um fato muito simples: quem vive em condição miserável não existe para as empresas. Esses indivíduos não são interessantes do ponto de vista econômico, pois em nada podem contribuir para movimentar as engrenagens dos motores da economia. Ora, se não há gastos, as empresas não têm lucro, tampouco inovação e desenvolvimento.
Será isso que faz com que o governo invista em programas sociais como o Bolsa Família? Não. Esse programa apenas cumpre um papel de tapar buracos. O problema em si não é resolvido. A economia ficaria mais aquecida se esses "fantasmas" se materializassem, ou seja, com a criação de empregos cujos salários sejam dignos para sustentar uma família. Assim, essas pessoas apresentariam um poder aquisitivo maior e, consequentemente, haveria um aquecimento da economia.
Outro aspecto interessante a ser analisado é o quão real você pode ser aos olhos do capitalismo, porque existem também seres translúcidos e outros extremamente materializados. Como? Há uma classificação nas entrelinhas e o principal fator que a embasa é o poder aquisitivo. Como já foi mencionado, os mais pobres não fantasmas que contribuem muito pouco. Já os de classe média são translúcidos, podem contribuir mais. E enfim há os mais abastados que consomem muito mais. São os seres materializados de fato. Esses sim usufruem de luxos e podem sustentar todo um sistema cruel que impede, muitas vezes, a ascensão social de classes inferiores.
Após essas reflexões, pode-se concluir que só existem no sistema capitalista os indivíduos que podem contribuir de maneira significativa com os motores da economia. Só assim os empresários podem nadar no mar de doláres ou, melhor ainda para eles, no de euros. Quem não tem condições de lubrificar esse motor com óleo(aqui, o dinheiro) fica à margem da sociedade e com pouquíssimas chances de ascender socialmente. E assim permanessem essas almas penadas que os capitalistas fazem de tudo para esconder.

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