domingo, 4 de julho de 2010

Baile de máscaras Veneziano

Desde a infância, os seres humanos são condicionados a seguirem várias regras. Vestir-se adequadamente e agir de maneira conveniente em cada situação cotidiana são apenas dois exemplos que pertencem a um grande conjunto de comportamentos que regem a vida na sociedade moderna. Tais influências, infelizmente, podem implicar infelicidade e há muitos exemplos em que isso é bem visível.
Na atual sociedade capitalista, somos encarados ou como consumidores ou como produtos de consumo. No que tange ao primeiro caso, fazemos isso para nos integrar ao meio onde vivemos. Temos sempre que observar as atitudes alheias e incorporá-las a nossa idiossincrasia. E ao inserirmos algo tão comum ao nosso jeito de ser, deixamos de ser nós mesmos. Esse fato ocorre todos os dias, ou seja, "morremos" todos os dias e acabamos com a riqueza única existente dentro de cada um. Como bem disse T.W. Adorno, "Em muitas pessoas já é um descaramento dizerem "Eu" ". Já na acepção de objeto, situação vivenciada por artistas e pessoas públicas, deixa-se de lado o ser coloca-se em destaque o parecer. Esses indivíduos são as "Barbies" e os "Kens" do mundo globalizado, em que é preferível a uniformidade à diversidade.
Nesse contexto, cabe ressaltar o "bom selvagem" de Rousseau: "o homem é bom, a sociedade é que o corrompe". Ou seja, se persarmos friamente, a liberdade de escolhas e de ser você mesmo é completamente inexistente. Somos eternamente induzidos pelas forças que permeiam o nosso meio a sermos como os outros desejam, a fazermos o que eles querem. Tal fato encontra alicerce na frase do filósofo Sartre "O inferno são os Outros", porque a chaga psicológica a que somos submetidos é, muitas vezes, fruto das pressões da sociedade. Sai de cena o sujeito e entra em cena o ator nesse eterno baile de máscaras Veneziano.
Enfim, vivemos em um tempo de restrições, há uma liberdade extremamente velada e uma enorme repressão nas entrelinhas da vida. Na natureza, de acordo com a seleção natural de Darwin, sobrevivem os mais adaptados ao meio. Na selva urbana, onde a competição é mais cruel, vence quem possui as melhores máscaras. É impossível diante de tal conjuntura não ser engolfado pelas mãos esculpidoras da sociedade.

Um comentário:

Nina. disse...

Se as mentiras ao menos fossem belas como um baile de máscaras em Veneza...! Eu seria outra com prazer.

Seja bem vindo, querido, ao mundinho insano dos blogs.
Oh, por favor, permita-me dividir uma música com você...

http://www.youtube.com/watch?v=RKiq_cSxYkM