domingo, 2 de janeiro de 2011

Malditos polvos e seus tentáculos

    As conquistas de Alexandre Magno constituem um belo exemplo histórico de como os seres humanos são capazes de expandir as fronteiras do próprio território para obterem mais riquezas e, também, para exercer mais domínio sobre outros povos. Foram esses ventos ambiciosos que impulsionaram as velas do imperialismo e dos processos de colonização. A partir desses exemplos, é possível inferir que o ser humano quebra e modifica muitas fronteiras, sejam elas geográficas ou psicológicas.
    A desagregação do antigo país Sérvia e Montenegro em outros dois países é uma prova incontestável de como as fronteiras físicas podem ser alteradas por motivação política e social, mesmo no século XXI. Outro caso memorável foi a aquisição de terras da Bolívia através do tratado de Petrópolis(1903). Foi assim que o Brasil passou a apresentar o estado do Acre. É importante ressaltar aqui a estreita relação entre as fronteiras e a soberania do Estado. Alterando-se os reis nesse jogo de xadrez político, é possível expandir o próprio tabuleiro e modificar o jogador nele presente.
    Já as fronteiras psicológicas são mais difíceis de transpor. A ganância dos homens para se obter mais recursos monetários apresenta um alto custo ambiental e social. Muitos para colocarem as mãos em pedras de diamante não hesitam em destruir tanto a natureza presente no local da extração desse recurso mineral quanto vidas. Chega a ser um pleonasmo vicioso afirmar nesses casos que as fronteiras da ética são atravessadas com a mesma facilidade com que se coloca um anel de brilhantes nos dedos. Uma frase do iluminadíssimo Voltaire resume bem essa situação: "Quando o assunto é dinheiro, todos têm a mesma religião.".
    Enfim, é triste constatar que, para expandirem os próprios territórios, os homens agem como polvos, envolvendo as terras desejadas com seus tentáculos e jogando tinta preta em quem os ameaça. E é ainda mais lamentável reconhecer que esses polvos malditos são maioria e,também, que os polvos bons estão à beira da extinção.

2 comentários:

Nina. disse...

Acho que estamos na mesma sintonia...http://santacurupita.blogspot.com/

Gostei do texto, é meu favorito até agora. Bom título, boas referências, boa a frase de Voltaire (embora eu o veja como um machista incorrigível).

Anônimo disse...

Olá Joubert! Aqui é a Natália!
Resolvi entrar no seu blog e ler seus textos! Muito bons! Prometo que assim que puder eu estarei aqui lendo e comentando!
Concordo com você pois infelizmente os polvos ruins estão dominando o mundo sem obstáculos, sem "fronteiras".
Beijo.