quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O novo homem vitruviano


          A concepção de beleza variou ao longo do tempo. Na Antiguidade Clássica, o padrão de beleza em Esparta equivalia ao atual biotipo dos atletas devido ao militarismo praticado nessa cidade-estado. Já no século XIX, a magreza estava associada à falta de saúde. E, no século XXI, a busca por um corpo perfeito polariza opiniões distintas. Afinal, será ela um atributo fundamental à existência humana?
         Para alguns, ser belo não é apenas causar uma boa impressão, mas também é uma garantia de perpetuar a espécie. Formas graciosas podem remeter a uma genética impecável, o que implicaria uma prole saudável e capaz de dar continuidade à história das civilizações. 
         Para outros, a beleza física é uma característica efêmera. Qualidades tais como bondade, honestidade e saúde contam muito mais do que um mero verniz de obra neoclássica, que logo sucumbirá à ação do tempo que passa não mais do que de repente.
         Entre as colocações destes e daqueles, qual é a mais interessante? Certamente as daqueles. Ora, seria ingênuo pensar que as relações interpessoais se processem apenas no âmbito das aparências. Embora essas contem, a afinidade no que tange aos gostos pessoais pesa muito mais na hora de firmar um novo relacionamento.
         Outro aspecto a ser considerado é o fato de que a busca incessante pela beleza não significa felicidade plena. Apesar de os "dorian-grays-do-século-XXI" recorrerem a muitos recursos - tais como cirurgias e suplementos - para não mudarem de aparência, isso nunca trará a satisfação que eles tanto procuram. É preciso reconhecer os limites do corpo humano.
         Bancar o objetivo de ser novo homem vitruviano é inútil e e sem propósito. A maturidade proporciona aos seres humanos características tais como compreensão, paciência e sabedoria, as quais superam a beleza física. E isso sim é um tesouro que deve ser guardado para as próximas gerações.

Um comentário:

Bruna disse...

JAS, incrível sua colocação sobre concepção de beleza! Realmente, a busca pela beleza não significa felicidade plena, e muitas pessoas não percebem isso: continuam tentando ser bonitas e infelizes. Adorei!